quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Acupunctura


A acupunctura é um método terapêutico conhecido na China e no extremo oriente há vários milénios e, provavelmente, é o mais popular no ocidente. A sua característica mais notável é o emprego de finas agulhas que são introduzidas na pele para produzir efeitos curativos.

A popularização da Acupunctura

A acupunctura começou a ser conhecida no mundo ocidental depois da 2ª Guerra mundial e, mais tarde, no inicio da década de 70, com a abertura da China Popular ao Ocidente. A partir deste momento, a acupunctura é divulgada através dos meios de comunicação, sendo mesmo emitidos em directo na televisão usos tão complexos como a anestesia prévia em intervenções de cirurgia maior, até então reservada à medicina convencional.
A popularização da acupunctura e a sua crescente utilização tanto que os pacientes como por profissionais da medicina, que exercem ou a recomendam, provocaram o aparecimento de numerosos defensores e opositores. Enquanto os primeiros insistem no facto de a acupunctura ser eficaz para a cura ou alívio de um grande número de problemas de saúde, os seus críticos afirmam que não existe nenhuma base científica evidente que permitir confirmar esta teoria. Com efeito, para o espírito ocidental, habituado ao raciocínio cartesiano, é difícil compreender a filosofia oriental, muitas vezes envolvida num certo obscurantismo.


Metodologia da acupunctura

A acupunctura faz parte de um conjunto de práticas do mundo oriental que incluem um estilo de vida, uma forma de alimentação, uma disciplina mental (a meditação), etc. O universo encontra-se em equilíbrio graças a um fluxo constante de energia, ou chi, entre dois pólos opostos: o positivo, ou yang, e o negativo, ou yin. Enquanto parte integrante do Universo, o homem também se encontra em equilíbrio quando está saudável, sendo a doença uma manifestação de desequilíbrio. A energia anteriormente mencionada circula pelo corpo humano seguindo canais ou meridianos. Ao longo desses meridianos encontram-se os pontos nos quais se inserem as agulhas que fazem parte dos instrumentos desta técnica curativa, inserções que procuram a redistribuição da energia para restabelecer o equilíbrio, e com isso a saúde do paciente.
Dado que o desequilíbrio que acaba por se manifestar como uma doença pode ter começado muito antes de os sinais e sintomas clínicos visíveis aparecerem, a acupunctura também pode ser usada como metodologia preventiva, restabelecendo o equilíbrio antes de a alteração ser demasiado grave.
Antes de se optar por um tratamento de acupunctura é preciso saber se a doença é grave; neste caso será necessário um tratamento urgente, cirúrgico ou não, por métodos convencionais.

As sessões de Acupunctura

1) A escolha de uma clínica e de um médico
Na hora de escolher um médico de acupunctura, faça-o como se estivesse a procurar um novo médico: peça recomendações à família e aos amigos, fale com o seu médico de clínica geral, visite a clínica que tem em mente para se familiarizar com o médico, a sua formação e credenciais, assim como esclarecer todas as suas dúvidas.

2) A primeira consulta
O médico que pratica a acupunctura inicia as suas sessões com um interrogatório pormenorizado do paciente, avaliando as suas expressões e descrições subjectivas e, sobretudo, a caracterização completa dos sintomas, especialmente da dor: quando como aparece e desaparece, em que momento e de que forma se intensifica ou alivia, se é permanente ou se tem uma expansão ou percurso, entre outros.
A seguir procede à exploração manual, ao reconhecimento da pele e a um exame atento dos pulsos radiais do paciente. O exame dos pulsos é particularmente importante na medicina chinesa, dado que proporciona informações acerca do estado dos órgãos internos.

3) O tratamento
Depois de estabelecido o diagnóstico, o médico decide que meridianos e pontos devem ser tratados, ou seja, para onde devem ser inseridas as agulhas para procurar o restabelecimento do equilíbrio perdido.
As agulhas, de diversos metais (ouro, prata, ou mais correntemente, aço inoxidável, e actualmente descartáveis para evitar contágios), são introduzidas uns milímetros por baixo da pele nos pontos escolhidos (por vezes aplicando um movimento rotativo para facilitar a penetração) numa determinada ordem e seguindo o percurso dos meridianos. Em geral, e graças à perícia destes técnicos, a introdução das agulhas é completamente indolor.
As agulhas permanecem cravadas no corpo 10 a 20 minutos e, durante este tempo, se for necessário, o técnico ‘’trabalha-as’’, isto é, imprime-lhes um ligeiro movimento de rotação para facilitar o fim perseguido.
O número e frequência das sessões dependem da doença ou do processo patológico a tratar, variando de dias alternados para processos agudos e recentes, até visitas quinzenais.
Em geral, o paciente começa a notar melhorias a partir das primeiras sessões.

4) Resultados
Os resultados variam de pessoa para pessoa: há quem se sinta extremamente cansado no final de uma sessão e há quem se sinta cheio de energia. A maioria sente-se muito relaxada. Isto decorre devido a libertação de endorfinas pelo nosso organismo durante a sessão de acupunctura. Poderíamos dizer que os pontos de acupunctura, através dos meridianos, são a ligação com o meio interno do organismo.
Há quem sinta resultados logo após a primeira sessão e há quem necessite de várias sessões (4 a 6) antes de sentir os resultados desejados.

5) Contra-Indicações
Para evitar infecções ou problemas de sangramento, a acupunctura não deve ser realizada por diabéticos, por pessoas com uma contagem baixa de glóbulos brancos e por doentes que tomam medicamentos anticoagulantes. Deve informar o médico se tiver um pacemaker ou outro tipo de equipamento implantado; ou se estiver grávida.


6) Custos
Uma primeira consulta de acupunctura pode situar-se entre os €60 e os €70, um valor que é reduzido para metade nas consultas seguintes, assim como para cada sessão do tratamento aconselhado.

Efeitos da acupunctura

É difícil fazer um resumo sintético dos numerosos efeitos atribuídos à acupunctura, mas em grandes traços podem ser classificados nas seguintes secções: antiespamódico, anti-inflamatório, tónico circulatório, antidoloroso, reequilíbrio geral.

A acupunctura: uma alternativa com futuro

Embora a acupunctura tenha demonstrado a sua eficácia em muitos casos, não é uma cura milagrosa e, portanto, convém ter em conta as suas indicações e as suas limitações antes de a prescrever como método terapêutico: é preciso ter absoluta certeza que não existe uma doença grave e urgente, que deve ser analisada e tratada obrigatoriamente com métodos convencionais.
O aparecimento de escolas oficiais de acupunctura veio normalizar tanto os conhecimentos prévios que o especialista em acupunctura deve possuir como o conteúdo e a qualidade do ensino desta matéria, de forma a facilitar o diálogo e a colaboração entre medicina convencional e a acupunctura; desta forma ambos os profissionais obtêm um melhor conhecimento mútuo e utilizam uma linguagem comum.
A acupunctura é criticada pela sua base fisiopatológica inexistente ou expressa de forma pouco científica. No entanto, estudos recentes indicam que é útil e eficaz num grande número de pacientes e em muitas perturbações, conseguindo o alívio ou a cura total. Por conseguinte, embora ainda existam aspectos desconhecidos, continuam a ser investigados os possíveis mecanismos de actuação desta técnica curativa.

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